O Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, também esteve presente, naquela que foi uma das suas primeiras intervenções junto do setor. De salientar que a contribuição da economia do Mar para o PIB nacional é de 5% e o setor marítimo-portuário representa uma parte significativa desse valor.
Embora os primeiros registos de associativismo datem de 1913, só quatro anos mais tarde – no dia 13 de novembro de 1919 – foi oficialmente concedido Alvará à Federação Marítima de Lisboa (Associação de classe). Foi precisamente o centenário desta data que a AGEPOR quis assinalar, num jantar que também comemorou os 20 anos da própria associação, que resultou da fusão da APAN e da AGENOR, em 1999 (a APAN e a AGENOR eram associações regionais, a sul e norte respetivamente).
«É necessário aumentar a capacidade dos portos»
No seu discurso Rui D’Orey, presidente da AGEPOR, apontou como principais prioridades o investimento e o aumento de capacidade dos portos, a conclusão do projeto JUL (Janela Única Logística) e a paz social no setor marítimo-portuário.
É necessário investir nos portos portugueses para garantir a execução da “Estratégia para o Aumento da Competitividade Portuária” (documento-chave apresentado em 2016 pelo Ministério do Mar), «cuja concretização tem vindo a ser feita a um ritmo mais lento do que os portos, o mercado e a economia necessitam», acrescentou Rui D’Orey. Como exemplo de investimentos previstos, o responsável destacou: o alargamento da PSA Sines, o novo
terminal Vasco da Gama, as dragagens do porto de Setúbal, a modernização da LISCONT em Lisboa ou o Terminal -14 de Leixões.
No que respeita à JUL – projeto iniciado em 2018 para estender a Janela Única Portuária a toda a cadeia logística nacional, numa lógica intermodal – «é prioritário avançar com a sua implementação, de forma a que a dimensão física seja complementada e suportada por uma dimensão digital”».
Rui d’Orey evidenciou ainda a paz social como vetor essencial para o desenvolvimento portuário e lembrou as greves que têm «assolado» os portos nacionais, principalmente o de Lisboa, e as suas consequências.
Para o futuro a AGEPOR identificou como maiores desafios do setor marítimo-portuário: a digitalização; a sustentabilidade ambiental (como são exemplo as novas regras de emissão de enxofre que entram em vigor a partir de 2020 e representarão um aumento de custos para a indústria na ordem dos 60 milhões de euros; ou a redução até 50% das emissões de gases com efeitos de estufa até 2050); a impressão 3D; a robotização e a automação, o big data, a IA e IoT (um dia, teremos navios e terminais completamente autónomos e ‘inteligentes.
10 mil escalas de navios nos portos nacionais por ano
Atualmente, o setor portuário em Portugal conta com cerca de 80 agentes de navegação. Por ano, registam-se mais de 10.000 escalas de navios nos portos nacionais, que transportam quase 100 milhões de toneladas.
O conjunto dos agentes de navegação, associados da AGEPOR, fatura um valor anual de aproximadamente 450 milhões de euros.
Entre 2008 e 2018 registou-se um aumento de 36 milhões de toneladas de carga transportada, de 64 para quase 100 mil milhões de toneladas.
O transporte marítimo, centro da atividade dos agentes de navegação, é responsável por cerca de 90% do comércio mundial. Em Portugal, em 2018, mais de 75% das importações e quase metade das exportações passaram pelos portos.
Os principais países de destino são Alemanha, Reino Unido, Espanha, Países Baixos, Itália e França, ao nível europeu, Estados Unidos, Angola, Brasil e Marrocos, no resto do mundo.